O procurador-geral da República, Augusto Aras, está às voltas com ocorrências atípicas presenciadas na sede da PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília, nas últimas semanas.
Apagões, sumiços de arquivos e instabilidade em serviços informatizados motivaram a abertura de uma investigação interna que buscará identificar a causa desses episódios. A principal suspeita no gabinete do chefe do Ministério Público Federal é a de que ele está sendo alvo de sabotagem de opositores.
Auxiliares de Aras resistiam em acreditar na tese, mas passaram a endossá-la após uma sucessão de ocorrências nos últimos dias, quando foram registrados ao menos dois apagões em repartições específicas da PGR. Ambos, durante a realização de reunião ou encontro considerados importantes.
Um desses episódios se deu no dia 28 de junho deste ano. Procuradores, diretores do Banco Central e representantes de fintechs e do mercado financeiro estavam reunidos em uma sala quando a energia elétrica caiu. O espaço, localizado no mesmo andar do gabinete do PGR, foi o único a ficar no escuro.
Em outro momento do mesmo encontro, o áudio de Aras ficou inaudível para aqueles que acompanhavam as falas dos participantes por videoconferência. Segundo relatos, porém, técnicos que davam suporte ao evento não teriam identificado qualquer problema no funcionamento de seu microfone. A falha também deve ser investigada como fruto de uma possível armação.
Outra queixa recorrente envolve o desaparecimento de processos. Auxiliares de Aras afirmam que, por vezes, um arquivo digital aparece como inexistente quando buscado nos sistemas internos, mas depois de um período reaparece como se jamais tivesse saído de lá.
No entorno de Aras, a suspeita de sabotagem contra a rede elétrica e de informática da PGR surge como a principal explicação para essas ocorrências. A armação seria motivada, segundo esses interlocutores, por denúncias contra procuradores e ex-procuradores reveladas recentemente —alguns deles, ligados à Operação Lava Jato.
A investigação que está em curso é conduzida pela secretaria-geral e pela corregedoria do órgão e não descarta a existência de problemas estruturais. Eles, porém, são vistos como pouco prováveis por aqueles que defendem a tese de sabotagem.
Essas pessoas sustentam que as instalações da sede são novas, e que outros prédios alimentados pela mesma rede elétrica, como o do TCU (Tribunal de Contas da União), não estariam passando pela mesma situação.
Bianka Vieira/Folhapress