Itabuna, 17 de julho de 2024 – Recentemente, o corte de árvores antigas na cidade de Itabuna, Bahia, tem gerado um intenso debate. É crucial compreender a base teórica por trás das críticas levantadas, que vão muito além de questões políticas e eleitorais.
A ciência precede e independe de qualquer processo político, servindo como um guia valioso. Com ela, podemos prever com alta probabilidade o que funciona e o que não funciona. Por exemplo, a lei da gravidade é incontestável; sabemos que uma maçã arremessada para cima cairá. Assim, a ciência também oferece fundamentos sólidos sobre a importância da conservação das árvores.
Diversas áreas científicas, como biologia, ecologia, agronomia, engenharia florestal e ambiental, fornecem um vasto volume de evidências sobre os benefícios das árvores. Árvores precisam de décadas para atingir a maturidade, período em que oferecem alimentos para a fauna local, como abelhas, insetos e aves. Quando uma árvore é cortada, essas espécies perdem sua fonte de alimento e habitat, levando à redução da biodiversidade.
Além de sustentarem a biodiversidade, as árvores são essenciais na regulação climática. Elas absorvem e armazenam carbono (CO2), ajudando a mitigar o aquecimento global. A transpiração das árvores também aumenta a umidade do ar, proporcionando um ar mais “respirável” e menor chance de temperaturas extremas.
O conhecimento mais popular, mas também incontestável é de que as árvores oferecem sombra, fundamental para o conforto térmico em dias de calor intenso.
Ademais, árvores com raízes profundas garantem a permeabilidade do solo, prevenindo inundações. A crítica ao corte de árvores que demoraram anos para crescer não é política, mas sim científica. Todos esses serviços, que árvores oferecem gratuitamente são chamados de serviços ecossistêmicos, e com o corte de árvores, perdemos os prestadores desses serviços.
É importante entender que a remoção de árvores deve ser gradual, permitindo o plantio e crescimento de novas árvores para substituir as antigas, um processo que pode levar anos. Além disso, o plantio de árvores com interesse puramente estético, como exóticas, muitas vezes plantadas em substituição, não garante os mesmos benefícios ecológicos que o plantio diversificado de árvores nativas.
Dessa forma, é notório que o corte indiscriminado de árvores antigas representa uma séria ameaça à conservação da biodiversidade, ao clima local e à qualidade de vida dos habitantes. É essencial que as decisões sobre a remoção de árvores sejam baseadas em critérios científicos sólidos e na preocupação com o bem-estar da comunidade e do meio ambiente.
Artigo Por:Leandro Carvalho Leite Santos
(Instagram: @leocarvalhols)
Itabunense
Biólogo
Mestrando em Ecologia e Conservação da Biodiversidade (Uesc)