Por Rosivaldo Pinheiro: Lógicas e contendas: recortes da história

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Num país ainda dividido, sem senso de nação, o sucesso do filme Ainda Estou Aqui acabou transparecendo, ainda mais, as nossas vias e veias abertas e, com elas, o nível da polarização existente e persistente.

 

O filme traz em sua composição a denúncia de um crime. Narra uma parte da nossa história, uma fase que ainda carece de ser revisitada, apurada e os seus responsáveis punidos, ainda que seja com a estruturação simbólica de medidas legais aos que já partiram. Nossa saúde e nossa longevidade democrática exigem. Delas, acredito, iniciaremos a nossa construção de nação, coisa que os sucessivos golpes na ordem democrática não permitiram. Não à toa assistimos há pouco todos os desdobramentos que culminaram com o 8 de março de 2023.

É fato que o mundo passa por um momento em que o viés autoritário e autocrata tem tido destaques. Estamos observando uma nova estratégia de dominar o que ainda resta de ativos econômicos capazes de garantir longevidade econômica para os países de maior poderio bélico.

Baseados nessa lógica, estamos assistindo os últimos acontecimentos geopolíticos, a exemplo das guerras Israel X Gaza, Rússia X Ucrânia e outras com menor exposição na mídia global. A lógica dos financiadores visa apenas o benefício pleno das suas nações: querem comer o mel sem sujar diretamente as mãos. 

É preciso, porém, sairmos desse modelo para evitar que o pior aconteça. Assim, países como o Brasil, que traz na sua gênese uma cultura de paz, precisam ser e ter voz mediadora, e também voltar-se para dentro e mergulhar um pouco mais nesse tecido divisório, buscando romper com o pseudopatriotismo e alcançar a brasilidade. 

A punição de forma exemplar aos autores, financiadores e idealizadores da última tentativa de abater as instituições democráticas, com vistas a estabelecer um novo ciclo ditatorial no país, exige uma mudança de rumo. Precisamos, ao contrário das vezes anteriores, ter punição exemplar. Evitando a ideia de que no patriotismo seja dado o direito de todo poder, seja ele de esquerda ou direita. Algo que precisa ser enfrentado e barrado.

Aí reside, acredito, o combate que vimos por parte dos defensores do golpe contra o filme. Penso que ele seja uma voz da realidade, e traga de forma inquestionável o quanto temos ainda que dar passos na direção da cidadania plena, e no passar a limpo da história. Ainda estamos aqui!

Rosivaldo Pinheiro é comunicador, economista e secretário de Educação de Itabuna.

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