Irmã Nenza, a moradora mais longeva de Itabuna,sul da Bahia, celebra hoje 111 anos.

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“Irmã Nenza, figura entre as pessoas mais velhas do mundo, segundo a entidade LongeviQuest. Festa será nesta quinta-feira às 16 horas”.

Ela assina Ana Maria de Jesus, mas é conhecida simplesmente como Irmã Nenza, como prefere ser chamada. Moradora da Rua Dom Paulo, bairro Urbis 4. em Itabuna, ela completa nesta quinta-feira (20), 111 anos de vida.

Ela, pelo que se tem notícia, é a pessoa mais longeva de Itabuna e umas mais velhas do mundo.

E credita o passar dos anos a experiência centenária à boa criação e, evangélica, à proteção de Deus.

Este ano, o aniversário de 111 anos de Irmã Nenza será comemorado em grande estilo e em dois momentos.

Amiga de Irmã Nenza há 30 anos, a advogada Daniele Novais, está organizando uma cerimônia especial para a data.

Ela e a artesã e decoradora Flávia Oliveira, são as responsáveis pelos preparativos da festa, que ocorrerá às 16 horas deste 20 de março, dia de seu aniversário, em sua casa, com direito a bolo, doces e canto de aniversário.

“Será algo simples, mas bonito, feito com carinho para uma pessoa que merece muito ”, pontuou a advogada Daniele Novais.

Já nos dias 29 e 30 deste mês, Irmã Nenza participará de um retiro no Acampamento Teosópolis, em Ilhéus, onde será homenageada pela Igreja Batista Teosópolis.

“Vamos proporcionar a ela um final de semana especial. E como faço todos os anos, já comprei o vestido e o lenço, que são os presentes tradicionais que ela sempre me pede”, declarou o pastor Geraldo Meireles, líder da igreja.

HISTÓRIA DE VIDA.

Irmã Nenza nasceu em Rio Novo, antigo nome de Ipiaú, em uma fazenda na região das Tesouras, propriedade de Augusto Lopes. Veio para Itabuna trazida por uma prima, aos 20 anos de idade, e na cidade mora até hoje.

Nesse tempo foi testemunha de muitos acontecimentos históricos, superou guerras, enchentes, até mesmo conviveu com Lampião e Maria Bonita. Ela também acompanhou as mudanças tecnológicas e viu 34 presidentes passarem pelo Brasil.

Para alcançar a longevidade, ela acredita que a alimentação e a prática de exercícios foram fundamentais. “Comia toucinho de porco e carne de boi bem cozida, mas sempre variava a alimentação. Era o que minha mãe me ensinava”, revela.

Além disso, ela destaca os exercícios físicos. “Trabalhei muito na roça e andei muito até os 90 anos”, diz Irmã Nenza, lembrando de sua rotina.

“E gostava de capinar os quintais próximos da Urbis IV”, diz a advogada Daniele Novais, que foi moradora do bairro e tem apoiado Irmã Nenza oferecendo apoio social e jurídico. Ambas congregam na Igreja Batista Teosópolis de Itabuna.

ENTRE AS MAIS LONGEVAS DO MUNDO

Com seus 111 anos, Irmã Nenza está entre as pessoas mais longevas do mundo. Segundo a entidade LongeviQuest, o Brasil tem a mulher e o homem mais velhos do mundo. Dentre os cinco homens mais velhos do mundo, três são brasileiros.

O Brasil se tornou o país com as pessoas mais velhas do mundo após a freira gaúcha Inah Canabarro Lucas, com seus 116 anos ter se tornado a pessoa mais velha do mundo e o brasileiro João Marinho Neto, com 112 anos ser o primeiro lugar no ranking masculino. Os dados foram copilados LongeviQuest.

“Vi que, no Brasil, vive a pessoa mais longeva do mundo com 116 anos, nossa Irmã Nenza está na cola com 111”, diz brincando, Adervan Brandão, líder da Congregação da Teosópolis da Urbis IV, onde Irmã Nenza congrega.

CONTADORA DE HISTÓRIAS

Irmã Nenza é uma grande contadora de histórias. Uma que gosta de contar é a de Lampião, que ela conheceu no sertão baiano e descreve como um homem maldoso.

“Se você gostasse de pimenta, ele mandava você comer um frasco inteiro”, recorda. ” Ele chegava com os camboeiros, os valentões e gritava: Maria Bonita tá hora de fazer o café “, relata.

SAÚDE

Irmã Nenza se mostra lúcida, conta que sempre teve boa saúde. “Eu tomava purgante e remédio pra verme de seis em seis meses e óleo de rícino”, diz.

“Meu pai sempre nos dizia que que nós éramos de uma família que aturava (vivia) muito. Nenza tu és uma filha de benção”, dizia o pai, que viveu 101 anos.

Hoje o problema de saúde de irmã Nenza é a baixa visão. Diz que dorme bem, acorda sempre às cinco da matina. Sua grande preocupação é o filho mais velho, que mora em Bom Jesus da Lapa.

“Eu fui muito bem criada seu menino. Eu guardava resguardo”, conta Irmã Nenza. Resguardo é o período, a quarentena que a mulher deve fazer após a gestação. Ela fora o problema de audição mostra vitalidade. Fala de forma eloquente com um gestual interessante que é comum quando ela se expressa.

Irmã Nenza teve 10 filhos, com Zezo, o segundo marido, dos quais cinco estão vivos, três mulheres e dois homens. O mais velho mora em Bom Jesus da Lapa. Os demais residem na mesma rua em Itabuna, em casas separadas.

MAIS DE 500 PARTOS

Irmã Nenza foi parteira. Fez o parto de 500 crianças, como conta, realizados na fazenda de José Augustinho, onde morou, na região do antigo lixão de Itabuna.
Casou-se aos 17 anos, porém a união não deu certo. Desse episódio o que ela traz de lembrança é o vestido branco que usou com o ramo na mão, que pretende repetir em alguma ocasião.

NOVA VIDA, FAMÍLIA E GRATIDÃO

Após a primeira experiência de vida a dois, Nenza uniu-se a Zezo, com quem teve 10 filhos. “Eu sou grata a minha família. Hoje tenho a vista curta e minhas filhas, netos e bisnetos vêm sempre aqui me ajudar a fazer as coisas”, conta.

A mãe de Nenza não teve a longevidade da filha. Viveu só até os 40 anos. “Meu pai consumiu muito minha mãe, bebia muito. Dizia pra minha mãe: Vou pra Rio novo, aí montava na mula ia pra rua do Francês e voltava embriagado”.

Nenza gaba-se por saber escrever, mas revela qual seu orgulho. “Estudei até Nosso Brasil e Carteira do Povo. Aprendi a fazer meu nome direitinho”, relatou.

Hoje orgulha-se de ter netos na universidade.

RELIGIÃO

Cuidar da espiritualidade é algo que, para ela, foi fundamental para chegar firme aos 111 anos. Irmã Nenza é membro da Igreja Batista Teosópolis de Itabuna. É da Congregação da Teo da Urbis IV, próximo onde mora, no Loteamento Dom Paulo, no bairro Urbis IV.

Nenza atribui um dos segredos da sua longevidade à fé. “Quando me aparece uma dor, eu peço e Deus me cura. Sou crente. No dia (de culto) que não vou à igreja, fico doente. Quando vou, volto curada”, disse. E fala da conversão. “Eu não sabia o que era Deus. Passei para a lei de crente e hoje sei o que é Deus”.
Irmã Nenza disse que tem uma relação forte com a igreja. “Eu amo, gosto da minha igreja. De Dani [a advogada], Geraldo [Meireles, pastor-presidente da Teosópolis], Val, esposa do pastor. É um povo que eu gosto”. Ela também participa da reunião das mulheres.
A presença de irmã Nenza nos cultos é sempre comemorada. Sábado, 15 de março, na celebração dos 69 anos da Teosópolis, o nome de Irmã Nenza foi lembrado. “Irmã Nenza, está aqui? A pessoa que celebra a vida, no próximo dia 20 vai completar 111 anos. Quando nossa igreja foi fundada Irmã Nenza já tinha 42 anos”, saudou o pastor Geraldo Meireles, por quem Irmã Nenza demonstra um grande carinho, assim como a esposa dele, Valdeci Meireles. E como sempre acontece Irmã Nenza foi aplaudida.

SIMPLICIDADE NO VIVER

Irmã Nenza mora em uma casa simples na Rua Dom Paulo, no bairro Urbis IV.
Ela vive com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) do INSS. “Eu não ganho décimo”, lembra.

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