Trabalho digno: Brasil e EUA lançam desafio ao mundo – Artigo de Éden Valadares

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“Aos olhos de espectadores eventuais da política, a cena da última quarta-feira (20), em Nova Iorque, onde os presidentes Lula e Biden posaram lado a lado defendendo uma agenda global de promoção do trabalho digno e de ações de capacitação para que os trabalhadores e trabalhadoras do mundo inteiro tomem conhecimento sobre seus direitos pode parecer inusitada. Causa certa estranheza, confesso. Àqueles que se deixaram levar pelo extremismo, pelo rebaixamento crítico, pela criminalização do estudo científico ou adotou a postura de “tiozão do zap zap”, então, nem se fala. Deve ter soado como uma mirabolante engenharia do sistema comunista internacional. Longe disso. Mas bem longe disso mesmo.

A iniciativa lançada pelos líderes democráticos do Brasil e dos Estados Unidos, batizada de Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras, é uma necessidade tão urgente quanto as ações de sustentabilidade, transição energética e de mudanças climáticas que acertadamente também vêm protagonizando os principais espaços multilaterais do cenário global. Combater a crescente precarização do mundo do trabalho, sobretudo nas plataformas digitais, e defender uma agenda de justiça e igualdade social, em que o ser humano seja elemento central nos novos processos de crescimento econômico e revoluções tecnológicas digitais, é apontar um horizonte de sustentabilidade plena ainda possível.

Os governos do Brasil e dos EUA, em uma parceria inédita, lançam às demais nações, aos organismos de governança internacional, aos capitalistas e ao movimento sindical dos quatro cantos do globo um enorme desafio: como compartilhar os benefícios da tal pós-modernidade com todos os trabalhadores e trabalhadoras? Como fazer isso em um ambiente cada vez mais igual, sem discriminação ou preconceitos, com mais diversidade e direitos? E como garantir que a transição para fontes limpas de energia proporcione oportunidades de bons empregos para todos e todas?

As respostas a estas questões definirão que tipo de planeta queremos para o século XXI, mas não somente. Ajudarão a nos definir enquanto seres humanos, sobre quais valores edificaremos a sociedade global, em que bases constituiremos nossas relações entre países, classes, grupos e setores.

A crítica míope seguirá por aí. Por vezes na TV, noutras em colunas de jornal, às vezes em púlpitos e sermões. Assim como os intolerantes, os sexistas, racistas, financistas e egoístas continuarão a alimentar os grupos de mensagens com teorias manipuladoras, propagando ódio e uma ignorante desconfiança. Mas a boa provocação está lançada. Em uma foto surpreendente, atípica, inesperada e talvez sem precedentes. Mas não é assim que geralmente se inicia a História?”

Éden Valadares é presidente estadual do PT Bahia.

Artigo originalmente publicado na edição do jornal A Tarde deste domingo, 24.

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