O objetivo do encontro é orientar as famílias e educadores sobre sintomas e intervenções adequadas para lidar com o transtorno neurobiológico.
A Jornada TDAH da Bahia acontece neste sábado (13) e domingo (14), no Hotel Ibis, em Feira de Santana. O evento reúne profissionais de saúde, educadores, advogados e escritores para debater o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
O objetivo do encontro é orientar as famílias e educadores sobre sintomas e intervenções adequadas para lidar com o transtorno neurobiológico que acomete muitas crianças e jovens e pode se estender na idade adulta.
Escritores também marcarão presença no evento, a exemplo da pedagoga Denise Bela, autora do livro Kitty Sabe Esperar. “A literatura infantil é um recurso importante para o desenvolvimento das crianças e também ajuda a instruir pais, pedagogos e profissionais de saúde, além de servir como ferramenta de intervenção lúdica”, avalia Denise Vaz Bela que lançará seu primeiro livro infantil no próximo dia 20 de julho, no Game Station do Shopping Bela Vista, na capital baiana.
A escritora Márcia Mendes também participa como autora negra de literatura para infâncias da III Jornada TDAH e avalia que eventos como este só confirmam que a literatura, como arte, deve ser acolhida por todas as infâncias, uma vez que melhora o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, fomentando a descoberta do senso crítico, da comunicação e, por conseguinte, da organização das ideias.
“Sempre relembro que esse tecer começa em casa, mesmo quando não há livros, importante contar histórias, inventar oralmente para que a criança possa brincar com a imaginação. Outro ponto, dessa tessitura é que esse gosto por ler, na escola, seja lúdico, brincante mesmo, para que cada criança possa conhecer personagens, conversar com autores(as), tocar nos livros e compreender que cada livro é uma casa de histórias”, explica Márcia Mendes.
Gestora de Projetos de Impacto Social, a jornalista Patrícia Bernardes considera que, no Brasil as questões relacionadas aos transtornos neuroatípicos são ainda mais preocupantes quando se pensa na realidade das mulheres negras, que somam mais de 41 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Exercer tarefas simples como a conclusão de nosso Ensino Médio, cursos de especialização ou ingressar em uma faculdade, com proposta concreta de Mestrado e Doutorado na faculdade pública é superar com graves sequelas, na maioria das vezes, as adversidades no que diz respeito às neurodiversidades diagnosticadas com base apenas em estudos muito simplórios e sem levar em conta os atravessamentos que uma mulher negra , mãe solo ou não, é submetida diariamente”, aponta Bernardes.
Patricia, que é redatora de cartinhas digitais da Plan Internacional Brasil sobre População Vulnerável, Educação Antirracista e Letramento Racial, defende que o olhar para estas questões precisam ir além do diagnóstico ou da simples associação com herança genética.
“Autismo, dislexia, TDAH, depressão, TOC ou TOD são questões de saúde muito mais profundas e que inspiram cuidados maiores da saúde pública no Brasil, especialmente nessa maioria que é tratada como minoria na distribuição de verbas públicas quando o assunto é a neurodivergência acadêmica das mulheres negras em nosso país”, defende.
Outras escritoras como Luciana Ávilla, Patrícia Silva, Celina Bezerra, Carla Chastinet, Emile Lima, Carolina Miranda e Márcia Mendes também participarão da Jornada TDAH da Bahia. No elenco, estão confirmadas as participações dos autores Luca Gonzalez e João Guilherme.