Devolvam Minha Festa Junina

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Os gestores do Nordeste do Brasil e seus dirigentes culturais estão atuando nas últimas décadas para acabar com a maior tradição da região, o forró. Ritmo típico das festas juninas, esse tipo musical introduzido no país por Luiz Gonzaga – o Rei do Baião, vem perdendo espaço nas comemorações dos santos Antônio, João e Pedro, para o modismo que nada ter haver com os festejos juninos.

Até Caruaru, que tem a marca de ser a “capital do forró”, aderiu a contração de artistas do axé music, do arrocha, piseiro e do sertanejo. Sem falar nas bandas do “forró elétrico”, que segundo Dominguinhos, em relato ao extinto “Domingão do Faustão” da Rede Globo, afirmou que em nada condiz com o xote, xaxado e baião, ritmos criados pelo Velho Lua, como era carinhosamente chamado o mestre Luiz Gonzaga.

Outro exemplo a ser citado é Itabuna. A Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), órgão municipal responsável por fomentar a cultura da cidade, vem anunciando a grade de atrações do Ita Pedro, a festa da cidade que comemora o São Pedro e está em sua terceira edição. Até o momento, entre os nomes apresentados, apenas o cantor Dogival Dantas, tem canções autenticas do gênero tipicamente nordestino.

Além de Dogival Dantas, a FICC anunciou a cantora Joelma, os cantores Batista Lima, Leo Santana e a banda Calcinha Preta. No ano passada a fundação contratou o cantou Wesley Safadão, por um cachê que passou da casa do R$ 1 milhão, o que gerou muita polêmica na cidade.

Outro ponto que chama a atenção, são as diferenças dos custos dos cachês desses artistas em relação aos autênticos representantes do forró. Em matéria publicada em 22 de junho do ano passado, no jornal Folha de São Paulo, assinada pelos jornalistas João Pedro Pitombo e José Matheus Santos, aponto a disparidade dos valores pagos aos cantores e bandas do axé, piseiro, sertanejo e arrocha em relação aos artistas locais da autêntica música junina.

Predominando a contratação por parte das prefeituras e dos governos estaduais de bandas e cantores, que não representam a tradição junina. Irão desaparecer por perda de espaço nomes como Flávio José, Mestrinho, Targino Gondim, Adelmário Coelho, Trio Nordestino, Del Feliz, Santana, Cacau com Leite, Alciomar Monteiro, Flávio Leandro e tantos outros que carregam a essência da cultura nordestina.

A MPB é eclética e não se trata de bairrismo ou reserva de mercado. Porém, nunca se assistiu um autêntico forrozeiro tocando nos Carnavais e Micaretas da vida. Muito mesmo se apresentando nas festas do Circuito Sertanejo, que inclui a festa do Pião de Barretos, a principal do circuito.

Os festejos de junho são para os artistas locais tocar o autentico forró em praças e com temas próprios. Estão querendo acabar com a melhor festa do ano e sua tradição. Por favor devolvam minha festa junina.

Texto Por Neto Terra Branca radialista e Publicitário

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